sábado, 5 de novembro de 2016

A curva



Do meu futuro eu tinha uma visão panorâmica.

Via ao longe a cidade dos sonhos. Minhas realizações, minhas conquistas.

Vislumbrava ao longe tudo o que me aguardava no por vir.

Este último ano, no entanto, veio a tormenta. A pior tormenta que eu jamais imaginei ser possível.

Em uma onda consecutiva de eventos, fui destruído em três frentes que achei que estava indo super bem e sendo extremamente eficiente.

Nossa visão é tão turva que às vezes não pode ver tudo e realmente acredita que as coisas são exatamente como está vendo.

Na primeira onda, ainda estava confiante, achei que apenas uma mudança de ares me recolocaria nos eixos. Mas por incentivo de outras pessoas, respirei fundo, analisei melhor e não deixe me abater por completo. Carreguei por meses aquela batida mental repetindo várias e várias vezes: "Continue aí, faça seu melhor, mas você ainda é um inútil".

Na segunda onda, a que me veio com mais força, me fez repensar todas as escolhas que já fiz em toda minha vida. Direitas que entrei no lugar das esquerdas. E se eu tivesse feito assim e não assado? Não que já não tenha feito isto antes, mas desta vez foi bem diferente, já trazia o sentimento de inutilidade na primeira onda, com o acumulativo da segunda, me vieram todas as marolinhas do passado fazendo me sentir ainda pior.

Poderia ter feitos escolhas muito ruins, mas mantive a calma e fiz o que faço de melhor: analisei o panorama todo. Coloquei os pingos nos I's, respirei fundo e foquei: em novembro você alinha tudo bem melhor, com a cabeça mais fresca e longe de tudo que te persegue.

Claro, com o sentimento de inutilidade latente da primeira e da segunda onda.

E aí veio a terceira, não que tenha sido tão inesperada, eu tenho um histórico grande de frustrações, então sempre estou preparado para elas, mas como já estava bastante acumulado, quando esta nova onda chegou, foi o fim.

O sentimento de inutilidade ficou evidente. Não estava e ainda não estou 100%.

Naquela mesma semana desenvolvi meu maior plano de melhoria: o Skyfall Project. Já mencionei, estava reavaliando tudo que fiz na vida e o Skyfall seria isso: fazer escolhas que eu não faria por razões de segurança, sejam elas físicas, psicológicas ou monetárias.

Ao abrir espaço para o Skyfall, me vi outra vez. Consegui me enxergar novamente. Quem eu sou. No que acredito. Do que sou capaz.

Estive por tanto tempo me limitando, diminuindo para ser aceito numa sociedade que eu, e me desculpem a sinceridade, não aceito como "Sociedade" por ser muito individualizada. Preocupada mais com seus direitos do que com seus deveres.

E como diria o bom Doutor: "No more!"

E sabe aquela visão panorâmica do meu futuro?

Não posso ver a minha cidade. Sinceramente não sei o que me aguarda. Apenas vejo uma curva adiante, que não vou correr até ela porque as pessoas a minha volta querem que eu corra. Não vou sentar na guia abraçado aos meus joelhos por estar cansado demais por ter sofrido demais até aqui. Vou dar o meu melhor, na minha velocidade. Não criarei expectativas, mas não vou sair a esmo sem um objetivo.

Muitos que já me odiavam, vão me odiar ainda mais. Mas só posso dizer que vou fazer tanto "barulho" agora que muitos vão querer que estas ondas nunca tivessem me acordado...

Draco Dormien Nunquam Titillandus.


André Luís, o Arkhanjo

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